sexta-feira, 10 de abril de 2009

Energia escura !!!


É uma forma hipotética de energia que estaria distribuída por todo espaço e tende a acelerar a expansão do Universo. A principal característica da energia escura é ter uma forte pressão negativa.

Energia escura é um nome evocativo, por se tratar de algo cuja natureza é desconhecida e de difícil detecção.

As lentes do telescópio espacial Hubble flagraram o comportamento da energia escura, um dos maiores enigmas cósmicos. Ao observar supernovas, que são explosões de estrelas, o telescópio registrou o efeito da aceleração da luz.

A descoberta deve ajudar a explicar o que é a energia escura que cobre quase todo o cosmos, uma força que pode ser responsável pela contínua e acelerada expansão do Universo, também chamada de partícula Deus.

No Universo atual, a energia escura domina sobre a matéria, e o universo se expande de forma acelerada. Enquanto a tração gravitacional da matéria leva à desaceleração da expansão, a energia escura a acelera.

Os resultados combinados do estudo das supernovas distantes e das flutuações do fundo de microondas cósmico fornecem a “receita” do universo: densidade total próxima da densidade crítica:

* 2/3 do conteúdo na forma de energia escura;

* 1/3 na forma de matéria, da qual apenas 4% do total corresponde à matéria bariônica, que conhecemos. (A matéria comum, estudada pela física, é apenas 4% do que existe no cosmo).

Nesse momento a comunidade científica encontra-se em incursão pelo “coração da escuridão” cósmica, na busca dos componentes escuros e desconhecidos que dominam o universo, componentes que pedem uma nova física.

Até recentemente, os cosmólogos concentraram-se simplesmente na tentativa de provar a existência da energia escura. Depois de terem formulado argumentos convincentes a esse respeito, eles estão se voltando para um problema mais profundo: de onde vem a energia? A possibilidade mais conhecida é a de que a energia é inerente ao espaço. Se um volume de espaço fosse totalmente vazio — sem nada de matéria ou radiação — ainda assim conteria esta energia.



A respeitável noção desta energia remonta a Albert Einstein e à sua tentativa, em 1917, de construir um modelo estático do Universo. Como muitos proeminentes cientistas ao longo dos séculos, incluindo Isaac Newton, Einstein acreditava que o Universo é estático, que não está se contraindo nem se expandindo. Para conciliar a estagnação com a sua teoria da relatividade de geral, ele precisou introduzir a energia do vácuo ou, em sua terminologia, uma constante cosmológica. Ele ajustou o valor da constante de tal forma que a sua repulsão gravitacional contrabalançasse exatamente a atração gravitacional da matéria.

Mais tarde, quando os astrônomos estabeleceram que o Universo está se expandindo, Einstein lamentou o seu artifício, considerando-o como o seu maior equívoco. Mas talvez este julgamento tenha sido apressado. Se a constante cosmológica tivesse valor ligeiramente maior que o proposto por Einstein, sua repulsão excederia a atração da matéria e a expansão cósmica seria acelerada.


Muitos cosmólogos, entretanto, inclinam-se agora para uma idéia diferente, conhecida como quintessência. A tradução deste termo é "quinto elemento”, uma alusão à antiga filosofia grega, que sugeria que o Universo é composto de terra, ar, fogo, água e uma substância efêmera que impede a Lua e os planetas de caírem em direção ao centro da esfera celeste. Quase cinco anos atrás, Robert R. Caldwell, Rahul Dave e um de nós (Steinhardt), todos da University of Pennsylvania, reintroduzimos o termo para nos referir a um campo quântico dinâmico, não muito diferente de um campo elétrico ou magnético, que gravitacionalmente repele.

O dinamismo é a característica que os cosmólogos consideram atraente na quintessência. O maior desafio para qualquer teoria da energia escura é explicar a quantidade da matéria inferida — uma quantidade que não seja demasiada a ponto de acarretar a sua possível interferência na formação de estrelas e galáxias no Universo primordial, mas que seja suficiente para que os seus efeitos possam ser sentidos hoje.


O principal ingrediente do Universo é a energia escura, que consiste na constante cosmológica, ou no campo quântico conhecido como quintessência. Os outros ingredientes são a matéria escura, composta por partículas exóticas elementares, a matéria convencional (a não luminosa e a visível) e uma pequena quantidade de radiação.


Os cientistas perceberam há poucas décadas que os movimentos das galáxias dentro do Universo não podiam ser explicados pela atração gravitacional das galáxias, estrelas e gases visíveis. Por muito tempo, os cientistas disseram que:

* 10% do Universo era composto de matéria visível

* 90% era matéria escura não vista, preenchendo o vazio entre as estrelas e galáxias.

Mas nos últimos anos os astrônomos determinaram que o Universo e suas galáxias estavam se afastando em taxa em aceleração, um fenômeno consistente com a existência de uma força antigravitacional conhecida como "energia escura".
Gondolo disse que os cientistas agora acreditam que o Universo é composto de:

* 5% de matéria visível,

* 25% de matéria escura

* 70% de energia escura.

Diferente da matéria escura, que está sujeita à gravidade, a energia escura não é atraída para dentro de nossa galáxia, de forma que a Via Láctea é composta de cerca de 10% de matéria e 90% de matéria escura, disse Gondolo.

O movimento giratório do disco espiralado e chato da Via Láctea é rápido demais para ser explicado apenas pela gravidade de suas estrelas e gases visíveis, de forma que os cientistas acreditam que ela esteja cercada por um "halo" muito maior -na verdade um esfera achatada- que contém algumas estrelas e predominantemente matéria escura não vista.



Por que demoramos tanto?

Somente em 1998 descobrimos que quase tres quartos do conteúdo do Universo, a chamada energia escura — uma forma desconhecida de energia que cerca cada um de nós, nos puxando levemente e segurando o destino do Cosmos em suas garras de maneira quase imperceptível —, estavam sendo ignorados. Alguns pesquisadores, é verdade, já haviam previsto sua existência, mas mesmo eles dirão que essa descoberta está entre as mais revolucionárias da cosmologia no século XX. Não apenas a energia escura parece compor o grosso do Universo, mas sua existência, se resistir ao teste do tempo, provavelmente exigirá o desenvolvimento de novas teorias na física.

Cientistas estão apenas no início de um longo trajeto para entender a energia escura e suas implicações. Embora apenas seus efeitos sobre o Universo como um todo sejam observados, já se sabe que a energia escura também pode moldar a evolução de seus principais habitantes — estrelas, galáxias e aglomerados galácticos. Astrônomos


provavelmente observaram durante décadas o trabalho da energia escura sem ter se dado conta disso.

Ironicamente, a presença universal da energia escura é o que a torna tão difícil de reconhecer. Diferentemente da matéria, ela não se aglomera mais em alguns lugares que em outros; por sua própria natureza, está espalhada suavemente por toda parte. Qualquer que seja a localização — seja sua cozinha ou o espaço intergaláctico — a energia escura tem a mesma densidade, cerca de 10-26 kg/m3, o equivalente a um punhado de átomos de hidrogênio. Toda a energia escura em nosso Sistema Solar equivale à massa de um pequeno asteróide, tornando-a um ator sem importância na dança dos planetas. Seus efeitos aparecem apenas quando vistos de grandes distâncias e por longos períodos de tempo.

Embora a energia escura tenha impacto irrelevante dentro da galáxia (isso sem falar da sua cozinha), ela acaba se tornando a força mais poderosa do Cosmo.

A energia escura é mais conhecida como o suposto agente da aceleração cósmica — uma substância indefinida que exerce um tipo de força antigravitacional no Universo como um todo.

Bem menos conhecido é o fato de que a energia escura teve efeitos secundários em materiais do Universo. Ela ajudou a imprimir o característico padrão filamentoso da matéria nas maiores escalas. Em escalas menores, ela parece ter interrompido o crescimento de aglomerados galácticos cerca de 6 bilhões de anos atrás.

Numa escala ainda menor, a energia escura reduziu a taxa em que as galáxias se chocam e se fundem umas com as outras. Essas interações moldam as galáxias. Ao reduzir as colisões, a energia escura pode ser o que permitiu a manutenção dos braços espirais da nossa Via Láctea. Se fosse mais fraca ou mais forte, a Via Láctea poderia ter tido uma taxa de formação estelar menor, de forma que e os elementos pesados que constituem nosso planeta poderiam assim nunca ter sido sintetizados.

Evidências da energia escura:

* Explosões em supernova.

* Radiação cósmica de fundo em microondas.

* Configuração galáctica.

* Lentes gravitacionais.

* Aglomerados de galáxias.



Fonte: Revista SCIENTIFIC AMERICAN - Brasil - Ano 5 - N° 58.

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